O Cine Bijou foi uma das salas de cinema mais emblemáticas da cidade de São Paulo, funcionando entre 1962 e 1996. Ícone de resistência artística durante a ditadura militar, desempenhou um papel fundamental na formação cultural de uma geração, exibindo filmes polêmicos e censurados na época.
Ao longo de sua existência, o Cine Bijou abriu espaço para produções do Cinema Marginal, movimentos alternativos e experimentais, além de clássicos do Cinema Novo. Sua programação incluiu obras de diretores renomados como Stanley Kubrick, Luis Buñuel, Ingmar Bergman, Glauber Rocha, Jean-Luc Godard, François Truffaut e Neville de Almeida, além de filmes russos e japoneses. Entre 1964 e 1985, exibiu grandes marcos da história do cinema, como Laranja Mecânica, Morangos Silvestres, Blade Runner e Indiana Jones.
Em 2022, o cinema foi reaberto sob o nome de Cine Satyros Bijou – Sala Patrícia Pillar, agora administrado pelo grupo Os Satyros. Mantendo o espírito de resistência, o espaço dá destaque ao cinema brasileiro e busca exibir, além de clássicos, filmes que não encontram oportunidades no circuito tradicional ou têm exibições breves nas salas comerciais.
O Cine Satyros Bijou é um espaço múltiplo que promove debates, apresentações teatrais e musicais, sem perder sua essência de cinema de rua. Com sessões gratuitas ou a preços populares, dedica sua tela à exibição de curtas, médias e longas-metragens.
Após reformas, o cinema recebeu uma estrutura moderna e de alta qualidade técnica, sem abrir mão das características originais da antiga sala. O nome Bijou, que vem do francês e significa “joia”, traduz o espírito de obra de arte presente em sua concepção. Para respeitar a memória desse espaço vanguardista e agradar ao público saudosista, sua arquitetura foi preservada. A sala, com 77 lugares, teve as poltronas vermelhas restauradas, com detalhes em costura, assim como suas paredes e teto decorados em gesso. O local também conta com um pequeno palco para eventos de diversas linguagens artísticas.
O Cine Satyros Bijou reafirma-se como um espaço alternativo, democrático e acolhedor, que promove a convivência entre público e artistas. Sua programação é voltada para a exibição regular de filmes de arte e autorais de todas as partes do mundo, incluindo inovações e experimentações no campo audiovisual.
O Grupo Estação surgiu em 1985, quando foi inaugurado o então Cineclube Estação Botafogo, com a exibição do filme Eu sei que vou te amar, do cineasta Arnaldo Jabor.
Este primeiro cinema foi aberto no número 88 da rua Voluntários da Pátria, bairro de Botafogo, e ocupou as instalações do antigo Cine Coper, que pertencera ao Grupo Severiano Ribeiro. Tomaram parte na sua criação um seleto grupo de cineclubistas dos anos 80 que, de tão idealistas, se autodenominavam “Exército de Brancaleone”, em referência ao filme italiano do diretor Mario Monicelli. Fizeram parte desta trupe de sócio-fundadores, entre vários outros, Adriana Rattes, Adhemar Oliveira (hoje diretor do Espaço Itau de Cinema), Marcelo Mendes e a jornalista Ilda Santiago, hoje uma das diretoras do Festival do Rio e Nelson Krumholz.
Quando da instalação do primeiro complexo, diversos nomes foram sugeridos: Cineclube Pau-Brasil; Cineclube Mico Leão Dourado, em referência àquele animal em extinção, sendo que tais nomes foram desencorajados pelo patrocinador. Acabou prevalecendo Estação, em referência à estação do metrô que havia sido inaugurada recentemente e ficava próximo ao cinema.
O cinema conquistou o público e a cidade, com filmes brasileiros, clássicos e inéditos que não eram exibidos no circuito comercial da época, sessões à meia noite, maratonas, sessões especiais para escolas, mostras e a criação da Mostra Banco Nacional (que mais tarde, 1999 tornou-se Festival do Rio). Logo o Grupo ficou conhecido por transformar ‘cinemas poeira’ em templos dos cinéfilos e aos poucos ampliou seu circuito, com mais salas pelo Rio de Janeiro – Estação Paissandu, Estação Cinema 1, Estação Museu da República, Estação Icaraí, Estação Estácio de Sá, Estação Paço Imperial.
Em 1996, a abertura do Espaço de Cinema (hoje Estação NET Rio com 5 salas), próximo ao Estação Botafogo (com 3 salas), transformou a região da Rua Voluntários da Pátria no que o público carinhosamente batizou de Botafogolândia, revitalizando o local, que em 1985, era apenas um canteiro de obras do metrô. Hoje (2024), compreende 3 complexos – Estação NET Botafogo, Estação NET Rio e Estação NET Gávea, e continua priorizando a exibição de filmes brasileiros, clássicos, inéditos com uma programação diversa, feita para todos os cinéfilos.
Dar visibilidade e impulsionamento ao longa-metragem em circuito independente, essa é a nossa meta!
EVENTO CULTURAL DEDICADO À DIFUSÃO, PROMOÇÃO E FORTALECIMENTO DAS OBRAS E DOS PROFISSIONAIS DO CINEMA INDEDEPENTE.