A tecnologia, nas últimas duas décadas, promoveu uma verdadeira revolução na forma de eternizar os filmes. Antigamente, filmávamos em película, um processo que envolvia custos elevadíssimos. Hoje, com a gravação digital, temos a possibilidade de regravar inúmeras vezes e aproveitar condições que, com o passar do tempo, democratizaram o acesso a equipamentos de ponta. Essa transformação reduziu significativamente a distância entre as grandes produções e as independentes, especialmente no mercado nacional. No Brasil, o cinema independente se dedica mais frequentemente a enredos que exploram conflitos existenciais, utilizando menos os artifícios de explosões e grandes efeitos cênicos.
Nos últimos 10 anos, o número de produções independentes brasileiras que evoluíram de curtas para longas-metragens cresceu exponencialmente. Isso proporcionou aos cineastas estreantes, e até mesmo aos já atuantes, a oportunidade de apresentar suas visões e narrativas em projetos que, embora muitas vezes econômicos, possuem alto impacto. Esses filmes representam o Brasil em festivais internacionais e impulsionam as carreiras de diretores, elencos e criativos de diversas áreas. Vivemos um momento em que as fronteiras entre o cinema independente e o mainstream começam a se misturar, com profissionais transitando entre ambos os universos, enriquecendo e diversificando o cenário cinematográfico.
O Cine Fronteiras surge para preencher uma lacuna nesse cenário, atendendo à crescente demanda por espaços dedicados à exibição de filmes independentes. Ele se propõe a oferecer uma plataforma para a etapa final e catártica da produção de um longa-metragem: vê-lo projetado em uma grande tela, uma experiência que o mercado, dominado pelos grandes players, frequentemente nega ao cinema independente. Embora o streaming seja, sim, uma valiosa janela de exibição, ele ainda não substitui a experiência única de assistir a um filme em uma sala de cinema, dentro de uma caixa preta projetada para envolver completamente o espectador.
Novas realidades surgiram, mas os desafios para o produtor independente permanecem. Onde exibir os filmes? Como gerar receitas e criar espaços para a difusão das obras? Como financiar o setor? Em 2023, após os impactos da pandemia, o audiovisual se tornou indispensável em diversas áreas como uma ferramenta de comunicação eficaz. Isso fomentou o surgimento de novos cineastas, criadores de conteúdo e outras nomenclaturas que refletem a expansão do setor e sua abrangência.
Nos dias de hoje, o Cine Fronteiras se posiciona como tanto uma janela quanto um horizonte. Somos um ponto de existência e resistência para o cinema independente. Aqui, acreditamos na Sétima Arte como uma forma de expressão elevada. Nosso compromisso é com o fortalecimento e a preservação da linguagem cinematográfica, valorizando sua essência artesanal, frequentemente empírica e inspiracional, seja ela autoral, experimental ou de larga escala. Como horizonte, buscamos ser um hub de diálogo, conectando produtores, roteiristas, atores e cineastas, para manter a roda do cinema girando e explorando as melhores práticas de produção e comercialização.
Com suas atividades formalmente iniciadas em julho de 2023, o Cine Fronteiras já se consolidou como um importante eixo de difusão de obras cinematográficas. Promovemos desde mostras únicas e pontuais até exibições contínuas, com filmes em cartaz por até sete sessões. Além disso, o Cine Fronteiras organiza debates com as equipes dos filmes, discutindo estratégias para fomentar o setor, promover o intercâmbio de profissionais, inserir novos talentos no mercado e ampliar a distribuição de filmes no Brasil e no exterior.
Dar visibilidade e impulsionamento ao longa-metragem em circuito independente, essa é a nossa meta!
EVENTO CULTURAL DEDICADO À DIFUSÃO, PROMOÇÃO E FORTALECIMENTO DAS OBRAS E DOS PROFISSIONAIS DO CINEMA INDEDEPENTE.